Para muitos que gostam de se colocar em exercício de futurologia, o dinamismo na política adora pregar peças. Voltemos ao ano de 1994, a segunda eleição direta depois da redemocratização. Ali aconteceu um dos casos mais emblemáticos de virada eleitoral.
Ao final de 1993, Lula era o favorito nas pesquisas para ser o próximo presidente. Derrotado por Fernando Collor em 1989, Lula ganhou força com o impeachment de Collor.
Depois que Collor foi retirado da Presidência, Itamar Franco, o ex-vice que assumira a cadeira, chamou o então senador Fernando Henrique Cardoso para ser seu ministro da Fazenda. Na pauta, um desafio enorme: tentar derrubar a inflação que atormentava a vida dos brasileiros havia décadas.
Fez-se o Plano Real, e FHC começou a despontar nas pesquisas, mas distante ainda do Lula. FHC saiu do Ministério em março para concorrer à Presidência. As pesquisas de intenção de voto em abril indicavam vitória de Lula om 40%, e pouco mais de 12% para Fernando Henrique. Os tucanos foram buscar a aliança com seus antigos adversários pefelistas para se tornarem competitivos.
Em maio, as pesquisas de intenção de voto indicavam vitória de Lula (PT) com 41%, e pouco mais de 17% para Fernando Henrique (PSDB). Anos mais tarde, FHC revelou que pensara em desistir no mês de maio porque achou que não seria possível angariar todos os votos que precisava para vencer, no tempo de campanha restante. Apesar de todas as suas críticas ao Plano Real, Lula foi perdendo espaço e perdendo apoio, enquanto Fernando Henrique foi crescendo cada vez mais. Muitos indecisos apoiaram o Plano Real e abraçaram FHC, que ultrapassou Lula. Na pesquisa do dia 30 de agosto, Fernando Henrique possui 40% das intenções de voto, contra 22% de Lula. Essa pesquisa dava como certa a realização de um segundo turno. Mas FHC foi crescendo mais e mais, e venceu a eleição no primeiro turno, com 54,24% contra 27,07% dados a Lula.
As eleições de 1994 seguem como o maior exemplo de como os prognósticos políticos, pelo menos alguma vez, podem ser contrariados.
Maciel quase não era vice - Uma outra curiosidade sobre 1994 refere-se ao saudoso Marco Maciel, que entrou por acaso na galeria de vice-presidentes da República. É que o candidato a vice de Fernando Henrique era o senador alagoano Guilherme Palmeira, que seria o segundo alagoano vice-presidente da República, depois de Floriano Peixoto. Mas uma denúncia denúncia de favorecimento de uma empreiteira no Orçamento Geral da União resultou na substituição de seu nome pelo do colega pernambucano.
João Alfredo - Dois dias depois de uma confusão que foi parar na delegacia, a Câmara de Vereadores de João Alfredo, no Agreste Setentrional, aprovou, sexta-feira passada, a incorporação de gratificações ao salário dos professores da rede municipal. Numa reunião realizada dois dias antes, foi registrado um tumulto, onde um vereador teve uma discussão com uma servidora pública, e de acordo com testemunhas, o vereador teria a agredido fisicamente e verbalmente.
Perigo - O clima entre o STF e as Forças Armadas ficou pesado de vez, com a fala do ministro Luís Roberto Barroso de que "estão sendo orientadas para atacar o processo" eleitoral brasileiro e "tentar desacreditá-lo". O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, classificou a fala de Barroso como "ofensa grave" e "ilação".
Pergunta - O quadro eleitoral das eleições presidenciais pode ter alguma alteração?
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