terça-feira, 19 de abril de 2022

Coluna desta terça-feira - 19/04/2022

A coluna de hoje será dedicada a um dos grandes estadistas que o Brasil já teve. Em um período que passamos por crise de lideranças - ou falta delas -, cabe-nos lembrar de um homem chamado Getúlio Dornelles Vargas, cujo nascimento completa 140 anos no dia de hoje. 

Nascido em 19 de abril de 1882, na reta final do Império Brasileiro, Getúlio tinha apenas 6 anos quando libertaram os escravos e 7 anos quando a República foi proclamada. Getúlio nasceu em São Borja, estado do Rio Grande do Sul, sendo essa a única cidade não-capital de estado a ser terra natal de mais de um presidente da República - João Goulart também nasceu nessa cidade. 

Getúlio, após ser ministro da Fazenda de Washington Luís, e virar governador do seu estado natal, foi candidato a presidente em 1930, contra o candidato indicado por Washington, Júlio Prestes. Foi uma eleição onde governadores formaram chapas. Júlio Prestes era governador de São Paulo e tinha como vice o governador da Bahia, Vital Soares, e Getúlio, que era governador do Rio Grande do Sul, tinha como vice o governador da Paraíba, João Pessoa. 

Júlio venceu a eleição, mas surgiram denúncias de fraudes, algo comum na República Velha. O assassinato de João Pessoa contribuiu ainda mais para o estado revolucionário, acabando com a deposição de Washington Luís e de seu vice Melo Viana, faltando 24 dias pra entregar a faixa ao sucessor. Uma junta militar assumiu por um breve período e entregou o poder a Vargas, sendo o único caso na História de um derrotado na eleição acabar assumindo a Presidência. 

Apesar da forma ilegítima como assumiu o poder, Getúlio se notabilizou pelos direitos trabalhistas, por estender o direito de voto ás mulheres, por estabelecer o voto secreto, e por modernizar o Brasil. Getúlio passou 15 anos seguidos na Presidência, sendo oito deles de forma ditatorial, o famoso Estado Novo. Após ser deposto, apoiou seu sucessor General Eurico Gaspar Dutra, que foi eleito. Voltou ao poder, desta vez sendo eleito pelo povo, em 1951. Fundou a Petrobrás e chocou frontalmente com os interesses do capital estrangeiro. Uma crise política acabaria levando Vargas ao suicídio em 24 de agosto de 1954. Historiadores alegam que um golpe já vinha sendo planejado na época, mas o suicídio acabou atrasando o golpe em 10 anos. 

Getúlio morreu, mas não deixou de ser força política. Juscelino Kubitschek era seu aliado político e se tornou presidente, tendo como vice João Goulart, afilhado político de Vargas. Outro varguista de carteirinha foi Leonel Brizola, que na época do fim do regime militar, não conseguiu o controle do PTB, antigo partido de Vargas, e acabou criando o PDT, partido considerado como sucessor do PTB de Vargas. 

Vargas não foi isento de erros. Ele cometeu erros, e não foram poucos. Mas o conjunto da obra o colocam como um dos grandes estadistas que trabalharam em prol da nação brasileira, cujo exemplo deveria ser seguido pelos políticos de hoje, em especial os que pleiteiam a Presidência da República. 

PTB e PDT - PTB e PDT são os dois partidos que reivindicam o legado de Vargas. Depois de extinto no Regime Militar, o PTB voltou no começo da década de 80, mas Brizola não conseguiu o controle do partido, ficando com Ivete Vargas, que morreu em 1984. O PTB deu uma guinada mais à direita, enquanto Brizola criou o PDT, partido considerado realmente o sucessor de Vargas. Os dois partidos estiveram juntos em 2002, na coligação que apoiava Ciro Gomes, na época no PPS. 

Adversários de Vargas - Claro que Getúlio Vargas teve adversários ferrenhos, sendo os mais famosos o Brigadeiro Eduardo Gomes, que perdeu as eleições de 1946 para Dutra, apoiado por Vargas, e de 1950 para o próprio Vargas, além do jornalista Carlos Lacerda, cujo atentado sofrido em 1954 levaria a uma crise política que culminaria com o suicídio do presidente. 

Sugestão de filme - Para quem quiser entender melhor o que aconteceu em 1954, lembramos que em 2014, quando completou 60 anos da morte de Vargas, foi produzido um filme que retratou os últimos dias de Vargas. O filme "Getúlio" trazia Tony Ramos no papel do próprio Vargas, Alexandre Borges interpretando Lacerda, Jackson Antunes como Café Filho - vice que assumia com o suicídio de Vargas - e Drica Morais como uma das filhas do presidente, Alzira Vargas. 

Pergunta - quando teremos no Brasil outro estadista como Getúlio Vargas?


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