O deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos filhos
de Jair Bolsonaro (PL), defendeu nesta quinta-feira (27), o adiamento
das eleições. Ele alega que precisa haver mais tempo para o pai falar
nas rádios e na TV em função de supostas irregularidades nas inserções,
mas até agora a campanha não apresentou provas e teve o pedido de investigação negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na quarta (26). No mesmo dia, o presidente convocou a imprensa para dizer que vai recorrer da decisão.
“Tem um candidato que está sendo depreciado e um que está sendo
favorecido. Isso está ferindo a democracia. Se fosse dado todo o direito
de resposta a Jair Bolsonaro é tanto tempo que seria necessário adiar
essa eleição. Se a eleição for no domingo já temos uma certeza: Jair
Bolsonaro foi prejudicado e não teve direito a reparação”, afirmou
Eduardo, durante entrevista ao site baiano BNews, na quinta.
A tese do adiamento, que levanta a acusação de violação das regras
eleitorais por parte dos adversários, divide aliados de Bolsonaro. O
presidente recebeu indicações de que não teria apoio no Centrão. A três
dias do segundo turno, a mudança das eleições exigiria uma emenda
constitucional, a ser proposta e aprovada no Congresso. As datas do
primeiro e do segundo turno das eleições estão previstas na
Constituição, no artigo 77.
“A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República
realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em
primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se
houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente”,
diz o texto.
Integrantes do governo e da campanha bolsonarista denunciaram uma suposta fraude na veiculação da propaganda de Bolsonaro.
Em entrevista, o coordenador de comunicação da campanha, Fabio
Wajngarten, e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, disseram que
rádios de todo o País teriam deixado de transmitir 154 mil inserções de
rádio, que são propagandas de 30 segundos inseridas de forma aleatória
na programação das emissoras.
coligação do presidente recorreu ao TSE. Por exigência do tribunal,
os advogados do PL apresentaram relatório de monitoramento com uma
amostra que apontava apenas omissão de 730 inserções em oito rádios do
Nordeste. Esse levantamento sobre a publicidade das campanhas usou como
metodologia verificar a veiculação das inserções por meio na transmissão
via streaming (na internet) das emissoras. Mas rádios não são obrigadas
a veicular a propaganda eleitoral na sua versão na internet. A regra de
divulgação da campanha vale para a transmissão por ondas de rádio.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, mandou arquivar a denúncia.
Moraes considerou inconsistente o relatório apresentado pelo PL com as
supostas provas de irregularidades e apontou “inépcia” na auditoria da
empresa Audiency, contratada pela sigla. Ele determinou que seja
investigado possível crime na tentativa de tumultuar as eleições.
Na quinta-feira, o presidente do TSE afirmou que a responsabilidade
de fiscalizar a regularidade de veiculação da propaganda é dos partidos.
“Como todos sabemos, não é, nunca foi e continuará não sendo
responsabilidade do Tribunal Superior Eleitoral distribuir mídias de
televisão e rádio e fiscalizar rádio por rádio no País todo, se elas
estão transmitindo as inserções dos candidatos. Isso todos os partidos e
candidatos de boa-fé sabem”, afirmou. “Cumpre às emissoras, por
obrigação normativa, retirar no site do TSE e veicular as inserções.
Essa é a única função do Tribunal Superior Eleitoral”, completou.
Na quarta-feira, Eduardo Bolsonaro já pregava o adiamento do segundo
turno com consequência direta da necessidade de reposição do tempo de
propaganda nas rádios. Outros aliados do presidente discordavam.
Bolsonaro disse que irá “às últimas consequências”
O ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), um dos coordenadores da
campanha e líderes do partido Progressistas, afirmou, também na quarta,
que não via motivo para postergar o segundo turno. “Não existe previsão
legal para adiar uma eleição”, disse ao site Poder 360. Na
mesma noite, Bolsonaro convocou de última hora uma reunião ministerial
com a presença dos comandantes militares do Exército, da Marinha e da
Aeronáutica e do ministro da Defesa. Nenhum deles, porém, apareceu para o
pronunciamento, no qual Bolsonaro disse que iria “às últimas
consequências”. O presidente se vitimizou e reclamou que havia
interferência no resultado e “enorme desequilíbrio” na disputa com Lula.
No Congresso, o senador Lasier Martins (Podemos-RS) vocalizou a
sugestão de adiamento das eleições. A deputada Carla Zambelli (PL-SP)
disse que a melhor solução não seria adiar as eleições, mas suspender as
inserções de Lula. Esse era, inicialmente, o pedido da coligação do
presidente, que não sugeriu o adiamento.
Nem a petição inicial, nem a segunda sugeriram alterar a data do
segundo turno para repor propagandas de Bolsonaro. Os documentos foram
assinados pelo advogado Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, ex-ministro do
TSE, e equipe. Eles já previam que o suposto dano não poderia ser
reparado até o fim da campanha, que se encerra nos meios de comunicação
nesta sexta-feira (28).
O pedido inicial era a “imediata suspensão da propaganda de rádio da
Coligação Brasil da Esperança (de Lula) em todo o território nacional,
com a retirada e o bloqueio do respectivo conteúdo do pool de emissoras,
bem como a notificação individualizada das emissoras de rádio
envolvidas, até que se atinja o número de inserções usurpadas da
Coligação peticionária”.
"Tendo em vista que além da não veiculação, injustificada, das inserções
ao que o peticionante faria jus, também se verificou excesso de
veiculação de inserções da Coligação adversária (acima do limite de 25
spots diários previstos em lei), dano que não poderá ser reparado até o
término da campanha eleitoral, que seja determinada a imediata suspensão
da propaganda de rádio – na modalidade inserções – da Coligação Brasil
da Esperança em todo o território nacional, com a retirada e o bloqueio
do respectivo conteúdo do pool de emissoras", argumentou o ex-ministro
do TSE, na complementação da denúncia. (Com Estadão Conteúdo)
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