Bolsonaro escolhe partido que foi parceiro de Lula e do PT

 

Coisas da Política: Se não houver um "abandono no altar", como disse Janaína Paschoal, ao que tudo indica, o presidente Jair Bolsonaro pôs fim à sua condição de "sem partido". Aceitando o convite do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, Bolsonaro deverá se filiar à legenda liberal. 

Não é estranho levando em consideração a própria história do PL, que é uma das "filhas" da antiga ARENA, partido que deu sustentação ao regime militar, que Bolsonaro sempre defendeu. O Partido Liberal surgiu de uma das dissidências da Aliança Renovadora Nacional. 

Mas torna-se estranho ao levar em consideração o histórico recente do partido. Isso porque em 2002, o PL foi um dos partidos que estavam no centro da chapa que levou Lula ao poder pela primeira vez. Na época, a aliança PT-PL valeu inclusive a indicação de um vice filiado ao partido, José de Alencar. Na época, a aliança foi reprovada por setores mais à esquerda do partido. Lula se defendeu, dizendo que "O PL tinha feito oposição a FHC" e "Que não tínhamos feito aliança ideológica, mas programática". 

O PL também esteve no centro do escândalo do Mensalão, que estourou em 2005 e abalou o governo petista. Lula conseguiu na época reverter a situação e se reeleger presidente no ano seguinte. Alencar saiu do PL e foi para o PRB (hoje Republicanos), mas isso não impediu que o PL permanecesse na base aliada do governo petista. 

Em 2007, após fusão com o PRONA, de Enéas Carneiro, o PL virou PR (Partido da República). Nos anos seguintes, apoiou as eleições de Dilma Rousseff, tanto em 2010 como em 2014, tendo inclusive Ministérios, sendo que abandonou o barco apenas em 2016, quando na ocasião do Impeachment de Dilma. Em 2018, apoiou a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB). Voltou a se chamar PL em 2019. E agora se prepara para caso filie Bolsonaro, ser o principal adversário do PT, o mesmo partido que há dezenove anos, ajudou a chegar ao poder.