Mesmo com a Constituição de 1988 consagrando o Estado Laico no Brasil, o tema religioso tem se feito cada vez mais presente nas campanhas presidenciais mais recentes. E tudo indica que esse será o mesmo mote da campanha de Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.
O Brasil é um país cuja maioria da população é cristã - e aí nesse grupo se inclui católicos romanos, ortodoxos e protestantes - e qualquer candidato sabe que abocanhar votos de cristãos é praticamente garantia de vitória.
Coube à primeira-dama Michelle Bolsonaro ascender o pavio nessa "guerra santa" na campanha, ao falar que o Palácio do Planalto era "consagrado a demônios" e agora está "consagrado a Deus". Não faltam associações dos candidatos adversários, em especial, o ex-presidente Lula, ao demônio, a perseguição a cristãos, inclusive relatando um episódio em que o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, a quem Lula apoia, teria mandado fechar igrejas por lá. Para se defenderem, os petistas alegam que no poder, Lula - ou Dilma - jamais teriam promovido perseguição contra qualquer religião.
Em um país que precisa discutir a inflação alta, o desemprego, o pouco investimento em Educação e Saúde, a falta de segurança, as discussões de cunho ideológico e religioso tem ganhado cada vez mais adeptos.
E essa ideia de colocar Deus ou Jesus como "cabo eleitoral" em campanhas não é nova. Há 92 anos, nas eleições de 1930, Júlio Prestes fazia sucesso com o jingle "Eu ouço falar que para o nosso bem, Jesus já designou que seu Julinho é quem vem!". Júlio até foi eleito presidente, mas não se sabe se foi castigo divino ou outra coisa, o fato é que ele venceu, mas não levou: foi impedido de assumir a Presidência devido ao movimento revolucionário liderado por Getúlio Vargas, o candidato derrotado por ele na eleição.
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