segunda-feira, 16 de agosto de 2021

PT e PSB: Uma aliança incompreensível

 

No ano de 2020, Recife protagonizou uma das eleições mais acirradas de sua história, onde os primos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) travaram uma luta que beirou uma guerra. Os dois trocaram ataques diversos, até no campo pessoal. João Campos foi eleito. 

Mas ontem, parece que as diferenças foram esquecidas. Isso porque o PSB e o PT estavam lá, juntinhos. O cacique do PT, ex-presidente Lula, esteve em Pernambuco com o governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, João Campos, ambos PSB. Parece que tudo que vinha ocorrendo desde 2012 foi esquecido. 

Lembremos que em 2012, Eduardo Campos, então governador, lançou Geraldo Júlio candidato a prefeito do Recife, desgostando o PT, que começou na época a tachar Eduardo de "coronel". Geraldo foi eleito. O distanciamento ainda maior foi em 2014, quando Eduardo, que tinha rompido com o Governo da Dilma, se lançou candidato a presidente, propondo uma terceira via à polarização da época PT-PSDB. Em Pernambuco, Eduardo lançou o então desconhecido Paulo Câmara para o Governo do Estado, atraindo até mesmo antigos adversários, como PSDB e DEM, para o palanque, contra Armando Monteiro, que tinha o apoio do PT. Na ocasião, Paulo foi eleito com muitos votos até da chamada "direita".

A morte de Eduardo Campos acirrou ainda mais os ânimos. Muitos muros pichados no estado atribuíam ao PT um suposto assassinato de Campos. Muitos diziam: "O PT matou Eduardo". No segundo turno contra Dilma, o PSB apoiou o candidato do PSDB Aécio Neves, tendo ao seu lado Marina Silva, que tinha sido candidata pelo partido após a morte de Eduardo. 

Em 2016, o impeachment da Dilma também foi atribuído ao PSB, pois muitos aliados da petista apontavam que se o PSB em seu conjunto tivesse votado contra o impeachment, o mandato dela teria sido mantido. Os votos dos socialistas fizeram falta para a então presidente. O PSB passou a apoiar Temer, mas a relação durou pouco. 

No Recife, o PSB e o PT disputaram segundo turno em 2016 e 2020. Marília Arraes que tinha rompido com o PSB, foi para o PT na esperança de fazer uma oposição mais à esquerda. Mas Marília foi rifada na disputa pelo Governo de Pernambuco quando Humberto Costa, que parece ter perdoado todas as ofensas socialistas contra o cacique Lula, propôs uma aliança com eles, aliança essa que seria vitoriosa, deixando até mesmo Jarbas Vasconcelos de saia justa, uma vez que ele sempre foi crítico do PT e contou com um petista no palanque ao seu lado. 

Mas agora, tudo parece ter sido esquecido e perdoado. Lula quer atrair mais apoios possíveis para tentar derrubar o atual presidente Jair Bolsonaro, enquanto o PSB deseja permanecer no cargo em Pernambuco. Os interesses se combinaram. Mas os eleitores que já se acostumavam a ver os dois em guerra não entendeu nada. E o PSB, que em 2014 chegou a ser uma opção viável de terceira via, ao se aliar ao PT, enfraquece mais ainda um projeto democrata e alimenta a polarização política que vem assolando o Brasil inteiro. Até o prefeito do Recife, que antes pregava a candidatura própria do PSB, agora disse que a discussão fica para o ano que vem. 

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